Durante
um tempo não dava para imaginar que um
dia estaria aplicando treinos e provas de corridas
de 5 a 10 Km, meia maratona, maratona e ultramaratona.
Mas dez anos se passaram e aqui estamos, além
disso, escrevendo para a coluna de uma instituição
que procura proporcionar um bem estar físico
e mental para as pessoas.
Ainda
aluno de educação física
e estagiario, procurava dar aos alunos muita atenção
e apresentar um bom conhecimento técnico.
No entanto não percebia que aquela pessoa
que mais me incentivara a ser um professor de
educação física estava sofrendo
dos males que eu tanto orientava meus alunos a
combaterem e prevenirem: excesso de trabalho,
má alimentação, sedentarismo
e estresse. Resultando em 91Kg com palpitação,
cansaço e indisposição até
para atravessar de uma calçada para outra.
Iniciei
com meu pai, então, um programa a longo
prazo. Começamos com caminhadas e progredimos
para o trotezinho. Chegamos às corridas
mais prolongadas. Ele administrava seus exercícios
nas horas vagas e, nos finais de semana, procurava
esforçar-se mais. Logo era ele quem me
“atormentava” para treinar. Chegávamos
a ficar duas horas treinando e conversando.
Nesta
época descobri que estava com diabetes
do tipo I, insulino. Mas percebi que quando me
aplicava nas corridas, a doença recuava
e até era necessário diminuir os
medicamentos.
Eu
me espelhei em treinadores como Wanderlei de Oliveira
e Ricardo Arap, que me impressionavam pelo respeito
que tinham dos seus treinandos. Encontrei aí
a área em que me dedicaria de forma especial.
Em
1996 iniciei com meu pai o treinamento para a
maratona de Ribeirão Pires. Foram 12 semanas
de treino, seguindo o roteiro publicado pelo Wanderlei
em uma revista. E um ano após o diagnóstico
da doença estávamos completando
a nossa 1a maratona por volta de 4 horas e, emocionado
abraçava meu pai chorando e dizia: conseguimos.
Especializei-me
em Treinamento Desportivo de Alto Nível
na Academia Estatal de Cultura Física de
Moscou, Rússia, e continuamos a treinar
juntos e fazer as nossas provas. Na maioria das
vezes terminava antes que meu pai, em 96 em Blumenau
o combinado como sempre era irmos junto até
o quilômetro 32 e depois eu aceleraria nos
últimos 10 Km. Mas daquela vez não
estava tão preparado quanto ele e tenho
que agüentar até hoje o fato dele
praticamente ter me carregado até a chegada.
E
o locutor chamando nossos nomes com nosso tempo
recorde na maratona – 3:32’
Até
hoje foram 22 maratonas sendo o melhor tempo 2:54’
e duas ultramaratonas de 24 horas.
Atualmente
meu pai mora em Porto Alegre e eu cuido da Equipe
de Corridas da Academia Reebok Sports Club onde
sou personal trainer e membro da ATC (Associação
dos Técnicos de Corrida de São Paulo),
entidade que tem ajudado a organizar as atividades
na Cidade Universitária.
Com
tanto trabalho sobra pouco tempo para uma maior
dedicação aos treinos pessoais,
mas nunca deixo de treinar e participar. Preciso
disso para continuar motivado a viver e fazer
amigos como todos vocês, que procuram na
corrida uma forma de equilibrar melhor a vida.
E depois de cindo anos casado está chegando
aí a herdeira, a Isabela, para o mês
de outubro. Finalmente depois de 22 maratona estarei
debutando em Nova York.
A
corrida para mim é muito mais que negócio,
profissão ou esporte, posso dizer que faz
parte da minha vida.
|