Seguindo
nossa série de entrevistas com técnicos de corrida,
chegou a vez de Nelson Evêncio que trabalha diretamente
com a corrida desde 1995 e hoje, além de ter a sua
assessoria esportiva onde passa treinamento aos alunos, divide
seu tempo na vice-presidência da ATC (Associação
dos Técnicos de Corrida de São Paulo). Isso
sem contar o tempinho que ele precisa arrumar para seu próprio
treino, já que ainda corre muitas provas, inclusive
com seus alunos.
Confira
abaixo entrevista na qual Nelson fala um pouco sobre seu trabalho,
carreira, participação em provas, como ele encara
a atividade física e trabalha a corrida de rua junto
aos seus atletas.
Como
começou seu interesse pelas corridas de rua?
Desde de criança sempre gostei muito de esportes, principalmente
futebol. Em 1989, ingressei a Faculdade de Educação
Física e comecei correr com maior freqüência,
incentivado por um grande amigo, o Carlos Cherpe, que era
atleta profissional. Logo vieram as primeiras vitórias
nas provas de pista e nunca mais quis deixar de treinar e
correr!
E quando você começou a trabalhar diretamente
com as corridas?
Trabalhei em academias, com atletismo em provas de campo e
pista, na área de preparação física
de outras modalidades e com marketing esportivo. Nestas 2
últimas continuo desenvolvendo algumas ações,
mas a corrida sempre foi minha área principal de atuação
desde 1995, quando iniciei minha pós-graduação.
O que o estimulou a se tornar um técnico de corrida?
Ser técnico de corrida foi uma coisa muito natural,
pois decidi que iria juntar aquilo que aprendi na faculdade,
na prática como atleta, estudar mais e mais, e passar
esta experiência para outras pessoas.
E
o que o faz continuar com essa dedicação atualmente?
Hoje, diria que o que mais me estimula acordar de madrugada
todos os dias para dar treino é o fato de poder ajudar
as pessoas a realizarem seus sonhos. É algo indescritível!
Quando
surgiu a Nelson Evêncio Assessoria Esportiva?
A Nelson Evêncio Assessoria Esportiva existe com este
nome desde 2000, mas, na verdade, surgiu em 1995, quando tinha
o nome de Scientific Training, época que era mais voltada
para a área do Personal Training.
Como
funciona a sua assessoria?
Somos em 4 professores e treinamos pessoas de todos os níveis,
desde um iniciante até um atleta profissional, que
participam das melhores corridas aqui no Brasil e fora do
país. Atendemos executivos, empresários, profissionais
liberais, estudantes e atletas competitivos. Pessoas que visam
saúde e ou performance, mas que preferem treinar em
uma equipe com um número menor de alunos, onde podem
ter muita atenção e um treino individualizado.
De
que forma vocês fazem esse atendimento?
Cada aluno tem sua planilha elaborada de acordo com seu nível,
suas dificuldades de horários e com suas atividades
profissionais.
Você
ainda participa de provas, corre com os alunos...?
Sim, participo de provas e corro com quase todos os meus alunos,
pois é uma maneira de motivá-los. Além
de dar bom exemplo e de poder desfrutar dos benefícios
da corrida, gosto de treinar para poder sentir aquilo que
meus alunos e meus atletas sentem. Gosto de participar de
provas pra me divertir ou para bater meus recordes, pois aquele
espírito de atleta é uma coisa que sempre mantenho
acesa! Sou uma pessoa muito feliz e posso dizer que a corrida
tem grande participação neste processo.
A
cada dia temos mais praticantes da corrida de rua no Brasil.
Como você vê esse crescimento?
O crescimento das corridas no Brasil é algo fantástico
e muito positivo, que combate o sedentarismo além de
tornar as pessoas mais felizes e gerar um excelente mercado
de trabalho para os profissionais de saúde, fabricantes,
vendedores de material esportivo, prestadores de serviços
e etc.
Ainda
estamos numa crescente?
Ainda há milhares de pessoas atrás de uma mesa
de escritório que em breve serão beneficiadas
pela prática da corrida e tornarão esta "massa"
ainda maior. Só temos que tomar muito cuidado para
que este crescimento não ocorra de forma desordenada
buscando novos pontos de treinamento, novos percursos para
as provas, provas menos lotadas e com intervalos maiores entre
uma e outra.
São Paulo é o maior pólo de corridas
de rua hoje no Brasil?
Sim, São Paulo é um modelo e notamos isto tanto
na organização de provas, quanto na
quantidade de assessorias esportivas e profissionais de destaque.
Quais os cuidados necessários para quem está
iniciando no esporte?
O iniciante deve contratar um profissional credenciado pelo
CREF [Conselho Regional de Educação Física],
assim como nas outras áreas profissionais, pois treinar
por conta própria ou mal orientado é um grande
risco para a saúde. Deve passar por uma avaliação
médica - cardiológica e ortopédica -
e progredir gradativamente, sempre com muita paciência,
sem querer pular etapas. Tem gente que nunca correu e já
pensa em fazer maratona. Um grande erro.
Você é o vice-presidente da ATC e um dos sócio-fundadores
da entidade. Qual a importância dela para os treinadores
e para os corredores?
A ATC é uma instituição que visa organizar
a classe dos treinadores de corrida, estimular a ética
entre eles, representá-los perante os órgãos
públicos e privados, organizar a ocupação
dos espaços utilizados para treinamento, prestar auxilio
técnico as organizações de eventos relacionados
a corrida e outras ações mais que trazem benefícios
diretos aos corredores.
Como você vê o trabalho da Corpore junto
aos treinadores e corredores?
A Corpore é um grande marco na organização
de corridas nos Brasil, além de ser uma instituição
de grande representatividade dos corredores perante os órgãos
públicos e privados. Destaco toda segurança,
pontualidade e respeito que proporciona aos corredores, oferecendo
sempre a garantia de um ótimo evento, respeito e espaço
a treinadores. Existem outros clubes bem organizados em outros
estados, que contribuem para o crescimento da corrida no Brasil,
mas o profissionalismo da Corpore é exemplar.
O que você acredita que ainda falta nas corridas
de rua?
Em geral, ainda faltam opções de percursos mais
curtos e com altimetria mais favorável, uma vez que
há muitos iniciantes ingressando nas provas, mas a
cada ano percebemos novidades e a busca por melhorias.
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