Não é de hoje que vemos o crescimento das corridas
de rua. O número de adeptos cresce a cada dia, a cada
prova. Recentemente foi realizado o primeiro evento com organização
Corpore no ano de 2007, a 2ª Corrida e Caminhada Oral-B
Prevenção do Câncer Bucal. Com o dia 08
de março chegando, o Dia Internacional da Mulher, pensamos
em analisar alguns números e pudemos confirmar mais
um outro fator desse crescimento: o aumento do número
de participantes do sexo feminino.
Na prova
de 1,5km mais de 65% dos participantes eram mulheres; nos
7km o número era menor (25%) mas mesmo assim demonstrou
um crescimento na participação feminina.
Prova
de 1,5km: 65% de participação feminina
Prova
de 7km: 25% de participação feminina
Analisando
os dados gerais da Corpore, vemos um crescimento que se estende
ao longo dos anos, principalmente a partir de 2003 . Hoje,
32% do total do cadastro Corpore é formado pelo que
conhecemos por “sexo frágil”, mas nas corridas
elas mostram que não é bem assim. Marilucia
Bernardi, diretora de associados Corpore, corre há
15 anos e lembra de uma passagem: “Numa etapa de um
circuito da Track & Field, em Campinas eu estava me preparando
, aquecendo para a largada e um cidadão me falou que
eu não deveria estar fazendo aquilo,
Cadastro
feminino: 32% do total
pois
corrida era coisa pra macho e começou a perguntar uma
série de coisas a respeito de percurso, tempo, etc.
Encurtando a conversa, fiquei danada com o comentário,
me esforcei e dentro de meus limites, alcancei o dito cujo,
o passei e na chegada fui perguntar-lhe se estava tudo ok
com ele. Ele me disse que sim e que havia se enganado com
o ‘sexo frágil’. Enfim, muitos homens deixavam-nos
de lado, porém com o tempo isso foi mudando e creio
que atualmente essa rivalidade não ocorra mais”.
Hoje
não vemos mais fatos como esse e homens e mulheres
dividem normalmente as ruas. E essa “aceitação”
não é o único motivo que fez com que
as mulheres começassem a praticar a corrida de rua.
Rosana Rondinelli, corredora há pouco mais de um ano,
fala sobre as emoções de estar em uma corrida
de rua, emoções que ela descobriu durante todo
o percurso e na chegada de sua primeira prova, a Flanax Run
– Abertura do Circuito Corpore 2006. “Quando passei
pelo tal tapete vermelho e a equipe da Corpore incentivando
mesmos os últimos (como era o meu caso!) foi como se
eu fosse a primeira a chegar! A minha primeira medalha, a
minha primeira camiseta, o primeiro passo para eu alcançar
a minha meta... Foi muito gratificante, fiquei muito feliz,
pendurei a medalha como seu tivesse chegado na corrida em
primeiro lugar!”, lembra Rosana. Essa mesma emoção
teve Marilucia em sua primeira prova: “Ao cruzar a linha
de chegada, depois de muito cansaço e sufoco, e com
grande animação de colegas que me apoiavam,
senti as pernas tremerem ainda mais, mas também uma
alegria muito grande em ter conseguido completar a prova.”
David
Cytrynowicz, presidente da Corpore, lembra que “as mulheres
sempre tiveram uma grande participação em atividades
de fitness e dentro das academias. Anos atrás as corridas
de rua não eram tão bem cuidadas e hoje muitos
eventos trazem conforto, segurança, enfim, uma grande
organização. Ao perceber isso, as mulheres têm
se aventurado a sair da esteira e correr na rua, o que é
muito mais prazeroso”. E os dados do cadastro Corpore
realmente afirmam isso.
Até
2002, o cadastro Corpore tinha 10.234 mulheres; agora, no
início de 2007 temos 48.112, sendo que 14.137 entraram
em 2006. Esse crescimento aconteceu em todas as faixas etárias,
desde a infanto-juvenil até veterano, passando pelo
adulto. Ou seja, novas provas, com mais cuidado e opção
de distâncias, entre outras coisas, trouxeram mais atletas
femininas para as ruas.
Analisando a participação feminina, podemos
ver que as mulheres optam por distâncias menores. Quanto
menor a distância, maior o número de mulheres
participam. Para Tu Moon Ming, diretor de promoções
e eventos da Corpore, isso acontece porque “as menores
distâncias exigem menos e deixam o corpo melhor, pois
não ‘secam’ tanto como grandes distâncias”
Já
Marilucia lembra que já fez até maratonas: “Não
saberia dizer neste momento porque a mulher geralmente fica
nas distâncias pequenas. Eu já fiz 4 maratonas
e curti. Hoje acho loucura, prefiro as mais curtas. O que
pretendo é me exercitar e completar a prova bem, dentro
do que eu sei que posso conseguir. Não preciso provar
mais nada pra ninguém e nem pra mim mesma. Faço
o que eu posso no meu tempo e fico muito feliz e acho que
outras mulheres também pensam assim”.
Competir
com você mesmo não é um pensamento exclusivo
de Marilucia, muito menos das mulheres e é o que traz
muitas pessoas para a corrida de rua. “A corrida é
um esporte seu... você com o seu pulmão, com
as suas pernas, com o seu pensamento e com o seu objetivo.
Acho que o fato de você estar em sua companhia 100%
do tempo e você "conversando" como você
mesmo é extremamente gratificante. O tempo é
seu, o espaço é seu e é um momento onde
você vê e é visto. Você não
precisa marcar gol, defender a bola ou acertar o buraquinho...
você só tem que olhar para frente e passear!!!
A interação, integração e entusiasmo
é contagiante. O fato de ser literalmente na rua nos
dá sensação de liberdade, correr a céu
aberto... dá a impressão que o infinito é
o seu objetivo, é muito legal... pessoas que você
nunca viu te acenam, te aplaudem e te incentivam...”
Ações
especiais, como a que será realizada na Corrida
Hydra pela Economia de Água – Abertura do Circuito
Corpore 2007, onde haverá camisetas com modelagem
especial para as mulheres com entrega em ambiente diferenciado
após a prova, tendem a fazer com que as mulheres participem
cada vez mais das corridas de rua, aumentando a participação
do sexo feminino nesse esporte, trazendo mais beleza e abrilhantando
as ruas. Marilucia, que sempre está nas barracas de
kit nos eventos Corpore vê esse crescimento ‘in
loco’ e acredita que ele apenas começou: “Muitas
corredoras estão levando suas filhas junto e estas
ainda acabam levando as amigas. A corrida é um dos
esportes mais acessíveis que temos. Não é
necessário um grande investimento para ser saudável,
ter controle do peso, fazer novas amizades e ter o espírito
sempre em alta e paz, sem esquecer contudo, dos cuidados que
isso exige. Vale a pena...”.
E, para
variar, até nessa matéria a palavra final foi
da mulher...