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Desafio Castelhanos - Veja como foi

16/07/2007, por Marcel Trinta

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Cuidando de cada passo
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Um sucesso. Essa é a forma mais simples e objetiva de informar como foi o inédito Desafio Castelhanos, evento realizado na cidade de Ilhabela na manhã de 14 de julho. “O evento deu certo e percebemos quando as coisas dão certo quando a energia positiva vai fluindo do início ao fim. Essa energia esteve sempre presente. Esse é um evento vencedor”, afirmou David Cytrynowicz, presidente da Corpore, ao final da premiação.

Com certeza, quem participou e acompanhou o evento, o terá guardado na memória por muito tempo. Os motivos podem ser os mais diferentes para os participantes, apoiadores, organizadores, mas uma prova como essa marca cada um dos presentes. E, como aconteceu com o Desafio Castelhanos, o importante em algumas provas não é só o lado esportivo, mas também o lado social, que foi muito trabalhado junto à comunidade de Castelhanos, que foi envolvida em toda a prova, com membros da comunidade trabalhando nos postos, recebendo os atletas e até com um dos pescadores, o Nikinha, participando e completando os 44km com uma história emocionante que você pode ver com maiores detalhes na seqüência dessa matéria.

A prova

Na manhã do sábado, a arena montada ao lado do Hotel Ilha Flat começou a receber os atletas inscritos e seus familiares às 6h. Com muita tranqüilidade, os participantes retiravam seu número de peito e costas, além do chip de cronometragem. A essa hora todos os postos de hidratação já estavam prontos aguardando os atletas, além dos postos de Gatorade, personal needs e troca de tênis (este somente para os atletas dos 44km).

Nos minutos que antecediam a largada, os atletas faziam seu último alongamento e já pensavam no que os aguardava nos quilômetros que iriam enfrentar. “Estivemos aqui na prova da Ilhabela, mas não corri o trecho de Castelhanos. Já fiz o percurso de jipe e sei que vai ser difícil. Acho que vai ter muito morro, muita descida, muita terra, muito buraco, mas é isso aí. O nome já diz tudo: Desafio”, afirmou Flavio Hernandes, participante do Desafio Topo.

Exatamente às 7h, os 118 atletas que compareceram na prova largaram em direção ao morro de Castelhanos. Os primeiros quilômetros da prova ainda eram disputados no asfalto, passando pelo bairro do Cocaia e seguindo para o Parque Estadual de Ilhabela. A estrada que leva ao parque já é de terra e a mata começa a ficar mais fechada, fazendo com que os atletas encontrassem alguns rios, bicas e cachoeiras. “Corremos ouvindo os passarinhos ainda acordando, começando a cantar, tivemos um belo contato com a natureza...”, contou Tuto, morador da Ilha e o coordenador da parte da natação na Ilhabela Corpore Terra & Mar, que esse ano teve sua 7ª edição.

Depois de aproximadamente 12km estava localizado o Topo, onde era feita a divisão dos atletas: os dos 24km faziam o retorno e desciam de volta; os dos 44km seguiam reto e desciam para Castelhanos, encontrando um terreno bem mais acidentado.

Os primeiros atletas a chegarem no topo estavam disputando os 24km. Três atletas chegaram juntos e decidiram a prova na descida, sendo que quem se deu melhor foi Elias Batista de Oliveira. “Não sou muito forte de subida, então só administrei e deixei o pessoal puxar. Virei em segundo lugar e como sou forte na descida dei tudo para chegar aqui no plano com vantagem. Faltou um pouco de energia no final, mas com muita raça consegui completar a prova mesmo com o segundo colocado me sufocando. Toda a organização está de parabéns e ano que vem quero voltar para tentar o bicampeonato”, afirmou o atleta que ainda teria que voltar para o trabalho a tarde. A beleza do percurso fez com que Elias traçasse planos para voltar à Ilha antes mesmo da próxima prova. “Vim para a Ilha pela primeira vez e gostei muito. Espero voltar não só pra competir, mas para passear também”.

O segundo colocado foi Wilson Gomes de Jesus, atleta da Ilhabela e que conhecia bem o percurso. Através do seu conhecimento fez uma estratégia para a prova, mas não esperou encontrar Elias no caminho. Mesmo com o segundo lugar, Wilson ficou feliz com a realização da prova. “Provas aqui como a Corpore faz são fundamentais. Assim os atletas daqui podem participar, pois muitas vezes não têm condições de sair daqui para correr em outros lugares.”

Entre as mulheres, Selma Nakakubo, foi a primeira a cruzar a linha de chegada, onde seus pais a aguardavam. A segunda colocada foi Sonia de Freitas Gomes, atleta que junto do seu marido, o atleta Gustavo Eduardo Levy Coelho Junior, participa de todos os eventos organizados pela Corpore. “O evento é bárbaro. Essa é a prova inaugural, quem correu, correu. Outros podem correr a 2ª, 3ª, mas a inaugural só quem esteve aqui.”

Aos poucos, um a um os atletas do Desafio Topo chegavam, retiravam seu kit e aproveitavam o café – da – manhã que a Corpore organizou para os participantes.

 

A praia de Castelhanos

Enquanto isso, os participantes do Desafio Topo & Praia ainda tinham uma grande parte do percurso para percorrer. Na descida para Castelhanos os atletas encontravam ótimos cenários e um terreno que mostrava o que era uma prova de aventura.

Antes de chegar na praia de Castelhanos, os atletas atravessavam um rio. Era aí que estava localizado o posto de troca de tênis, no qual os atletas que quiseram deixaram um outro par de tênis para trocar na volta da praia. Mas o que muitos corredores fizeram, na verdade, foi deixar o tênis nesse local e atravessar o rio e correr pela praia descalços.

Sol, céu limpo e a linda praia de Castelhanos criaram um magnífico cenário para os atletas que resolveram encarar os 44km de prova. Com muita festa, os moradores da comunidade recebiam os corredores, que faziam o retorno na praia para encarar a subida de volta ao topo e depois a descida até a linha de chegada.

O primeiro a conseguir fazer todo o percurso foi um atleta da Ilha, Evaldo de Jesus Souza. Logo atrás estava Wanderlei Rodrigues de Carvalho que chegou com muita descontração: “Agora vou tomar uma cervejinha. Estou com fome, vontade de beber, cansaço, devia ter morrido que era melhor... mas valeu a pena. Terminei bem, graças a Deus. A prova é ótima e o visual é lindo.”

A beleza do percurso parecia animar os atletas, pois Maria Claudia Ferreira Souto, vencedora dos 44km também estava empolgada e descontraída quando completou a prova. “Delícia a prova, maravilhosa! É difícil, mas quando chegou no topo vim muito forte. Nem batedor me segurou!”

O sentimento de que o evento foi um sucesso e que outras edições virão era geral. Paulo Anselmo Rocha Lacerda, afirmou: “O visual lá é lindo. Essa prova vai pegar, com certeza teremos muito mais atletas ano que vem.” Para Nilton Cesar Ferreira Leite, que corre como Guia Voluntário em provas da Corpore, “foi lindo e muito satisfatório”.

O técnico Branca acabou resumindo todas as impressões que teve da prova: “A prova é muito boa, com bom apoio, estávamos seguros, hidratação perfeita, as pessoas se ajudando. No geral a nota é 100!” e ainda complementou: “Para quem está treinado dá para fazer a prova tranquilamente”.

A participação de Nikinha e a comunidade de Castelhanos

Mas a prova só acabaria quando o último atleta cruzasse a linha de chegada. E esse foi um dos momentos mais emocionantes da prova. Para entender o motivo, teremos que voltar e contar um pouco sobre a organização da prova e o contato que a Corpore teve nas últimas semanas com a comunidade de Castelhanos.

Sempre que a Corpore faz um evento fora de São Paulo, tenta envolver a comunidade local com a organização do evento. Nessa prova isso não foi diferente e a comunidade de Castelhanos foi envolvida, sendo que para isso aconteceram algumas reuniões entre representantes da Corpore e da comunidade local.

Em um desses encontros, um dos pescadores quis saber se alguém de Castelhanos participaria da prova correndo, o que deixou os representantes da Corpore surpresos. Marcelino de Souza, o Nikinha e mais 3 pescadores se inscreveram na prova, mas apenas Nikinha acabou enfrentando o Desafio.

No dia anterior a prova, representantes da Corpore foram até a comunidade de Castelhanos entregar doações solicitadas por eles. Mas se engana quem pensa que as doações foram coisas exorbitantes. Eles pediram apenas bolas de futebol e vôlei, rede de vôlei e pranchas de surf. “Surgiu uma proposta social junto com a Corpore e os moradores daqui solicitaram doações voltadas ao esporte. Tendo esse material conseguimos preencher o espaço das pessoas com coisas saudáveis. O esporte chegando aqui é muito legal porque eles observam atletas e muitas vezes não tem a oportunidade de praticar. Com a chegada da Corpore, as pessoas começaram a correr aqui na praia”, afirmou Marcos Aurélio Alves Nascimento, funcionário do Parque Ambiental de Ilhabela e responsável pela integração da comunidade de Castelhanos ao evento.

Durante a entrega, via-se a felicidade estampada no rosto de cada um dos moradores de Castelhanos presentes, desde as crianças até os mais idosos.

Nesse mesmo dia, Nikinha pegou uma carona para ir até o outro lado da Ilha e de lá largar no dia seguinte. A expectativa dele não era ser o vencedor, muito menos fazer um bom tempo, mas sim servir de exemplo para as crianças e mostrar que eles poderiam fazer o que quisessem com força de vontade. E foi isso que Nikinha mais demonstrou. Ele nunca havia participado de alguma prova, não tinha nem um tênis (recebeu uma doação da Corpore vinda do projeto Seu Tênis Não Pode Parar), mas mesmo assim, às 7h da manhã estava posicionado na linha de largada aguardando para completar esse Desafio.

O momento em que ele chegou na metade da prova, ou seja, na praia de Castelhanos, foi emocionante para quem viu. As crianças corriam ao lado dele, incentivando e querendo seguir o mais novo atleta. “Na praia os garotos correram comigo e já me perguntavam quando eles poderiam correr na prova. Falei que daqui uns 2 anos eles poderão correr.”

Mas um pouco a frente, quando faltavam 18km de prova, Nikinha começou a ter câimbras e o pensamento de desistir, quando ali o esperava o diretor médico da Corpore, Milton Mizumoto. “Quando faltavam 18km ele estava com câimbras e disse ‘Minha corrida acabou aqui’. E eu disse ‘Não acabou não, você vai continuar’. Lembrei então, que ele havia assumido o compromisso, com as crianças da Comunidade de Castelhanos, de findar a prova e falei que correria com ele até o fim. Fomos indo e fui contando histórias de corridas, ultra-maratonas, câimbras para ele saber que era capaz. Fomos alongando, dando carboidrato, mudamos a técnica de corrida, trotamos e fui ensinando um pouco do que aprendi como corredor e médico. Ele foi adquirindo confiança e quando faltavam 1000 metros falei que iríamos chegar correndo. É muito gratificante poder passar conhecimento e ver essa conquista”.

E foi dessa forma que Nikinha conseguiu completar o percurso. Com muita festa ao lado dele, motos, ambulância, David, Armando Santos e Milton correndo juntos, apoiando Nikinha em seus últimos metros. Ao passar pela linha de chegada e ver aquela festa, ele parecia não acreditar. “Primeira vez na prova é muito bom! Queria ver se agüentava e se não fosse a câimbra chegava antes. Estou feliz de ter completado a prova. Aos trancos e barrancos, mas cheguei. Foi bom pra comunidade. Agradeço a Corpore pela chance de participar da prova”.

Premiação

Na mesma noite, no Race Village foi realizada a premiação da prova. A grande maioria dos participantes estava lá e puderam ouvir as histórias que envolveram a realização da prova, além de presenciar a entrega dos troféus aos vencedores gerais e das faixas etárias.

O primeiro a receber um troféu foi o próprio Nikinha, que muito emocionado subiu ao palco para receber a homenagem das mãos do dr. Milton.

Durante a premiação, David mostrou trechos do relatório feito por Marcos no qual ele indicou pontos positivos que o evento trouxe para a comunidade de Castelhanos como:
Todos os moradores se alegraram com o evento;
O evento despertou muito interesse sobre o atletismo;
Os pescadores estão pensando em criar um grupo para tratar do esporte na associação deles;
Pela primeira vez um morador da comunidade teve oportunidade de participar da corrida com apoio da organização.

“O envolvimento da comunidade foi impressionante e o pouco que trouxemos foi muito para eles. Tenho certeza que sementes foram plantadas”, afirmou David, mostrando que esse evento além de uma grande festa esportiva, teve um lado social extremamente forte, seguindo mais uma vez a missão da Corpore: Divulgar saúde, educação e cidadania através da corrida e caminhada.



 
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