A corrida de rua é o esporte mais democrático
que existe: um par de tênis e disposição
já podem ajudá-lo a ser um corredor, mas outros
pré-requisitos são necessários para que
você comece a participar de provas. Para se iniciar
na prática é muito importante saber como está
a sua saúde e ter o acompanhamento de profissionais
para então fazer um bom treinamento e estar capacitado
a disputar suas primeiras provas.
Mas,
muitas vezes, as pessoas acabam descobrindo isso da pior maneira,
como aconteceu com Alexandre Souza Borges na 4ª edição
da Corrida Shopping Aricanduva Corpore, realizada em 07 de
outubro. Esta foi a 3ª participação de
Alexandre em uma corrida (a primeira aconteceu no dia 16 de
setembro), mas ele não completou o percurso, pois enfrentou
um problema próximo ao km 7, após uma decisão
arriscada: “Na corrida eu tomei uma decisão de
tomar água somente no Km 7 e até lá fazer
umas passadas fortes para abaixar meu tempo da última
corrida”. Vocês já podem imaginar (quem
participou da prova pode até ter visto) o resultado
disso tudo: Alexandre desmaiou e teve que ser atendido pela
equipe médica da Corpore.
Milton
Mizumoto, Diretor Médico da Corpore, atendeu a ocorrência
explica o que aconteceu. “Quando o corredor não
está preparado fisicamente o aumento na velocidade
faz com que o calor produzido pela contração
muscular não seja emanado através da transpiração.
Como o dia estava quente e sem vento, o corpo começa
a reter o calor fazendo com que o corredor desenvolva um quadro
de hipertermia”.
Alexandre
iniciou sua vida esportiva de uma maneira pouco indicada:
“Não tenho nenhum acompanhamento, nem tempo para
treinar. Encarei estas corridas no peito, sem treino”,
afirmou, lembrando que o último check-up feito por
ele foi há 2 anos.
Ao
chegar no km7, depois de provas consecutivas sem treinamentos
prévios e uma hidratação falha, Alexandre
acabou tendo que ser socorrido. “Até o km 7 eu
lembro percurso, lembro que estava conseguindo abaixar meu
tempo de 5 minutos por km para 00:04: 30. Depois, quando dei
conta do que estava acontecendo estava sendo atendido pelo
posto médico e depois na ambulância. O atendimento
foi muito bom pela preocupação, atenção
e o mérito desses heróis, uma equipe fantástica.
Mas, de qualquer maneira, para quem esta sendo atendido é
horrível... O objetivo do atleta é terminar
a corrida e não em uma ambulância...”
Apesar de ter dado tudo certo, a formação,
informação, educação e conscientização
do corredor que não corre normalmente é a melhor
maneira de evitar esse tipo de problema, pois é impossível
a equipe médica evitar ocorrências desse tipo,
mesmo colocando uma UTI a cada Km.
“É
importante que o corredor saiba quais são os seus limites.
Uma prova deve ser sempre percorrida com respeito ao seu próprio
corpo, não podemos querer fazer nada de diferente do
que já foi feito nos treino, não há mágica,
há sim treino sério a ser seguido de forma consciente.
Quando seguimos todas as recomendações: treino
consciente, respeitar o corpo, hidratar de forma constante
e manter o ritmo da corrida de forma aeróbia, sem sentir
desconforto respiratório, a corrida sempre acaba em
festa”, afirma Milton.
Quanto ao Alex, problemas como esse não devem mais
ocorrer: “Prometi para mim mesmo que não vou
abusar mais do meu corpo, vou fazer a prova tranqüilo,
sem querer buscar recordes”, afirmou bem humorado e
o mais importante: vivo.
A
logística médica das nossas provas é
fundamentada numa base operacional na Tenda Médica
da Chegada, ambulâncias UTIs com médicos
e material de emergência dispostos no percurso e
paramédicos equipados com DEAs e Bikes entre as
UTIs.
Estamos
em constante comunicação entre as unidades
de atendimendo, reposicionando estas unidades de forma
dinâmica durante o transcorrer da prova. Este
reposicionamento faz com que o tempo de atendimento
seja o mais próximo possível do momento
da ocorrência médica.
Entretanto
é necessário que o corredor respeite seus
limites, pois caso contrário, não há
estrutura ou logistica médica que consiga dar
conta do recado, estaremos enfrentando um caos.
Admiro
a conscientização do Alex após
este epsódio, pedi para que ele colaborasse conosco
contando a sua história e que ficasse de alerta
aos corredores menos experientes.