Medalha de ouro nos Jogos Pan-americanos, quebra
do recorde sul-americano (4,66m), estabelecido em fevereiro
no Meeting de Paris, 6ª colocada no Campeonato Mundial,
disputado em Osaka, Japão. Esses são apenas
alguns dos resultados obtidos no ano de 2007 na vitoriosa
carreira de Fabiana Murer, 26 anos.
Nascida
em Campinas, começou a praticar o salto com vara aos
16 anos, após desistir da ginástica artística.
Logo conseguiu obter ótimos resultados e, através
do destaque conseguido em 2007, Fabiana foi indicada
para Melhor Atleta do Ano no Prêmio Brasil Olímpico
2007, organizado pelo COB, no qual o vencedor sairá
através do voto popular. “Se eu conquistei vocês
com meu trabalho e se vocês se emocionaram com meus
saltos, votem em mim para melhor atleta de 2007”, disse
a atleta. Para votar clique aqui.
A votação acontece até
o dia 10 de dezembro.
Mesmo
não sendo uma corredora, Fabiana tem um grande contato
com o movimento das corridas, participando de eventos e, inclusive
acompanhando corridas infanto-juvenis organizadas pela Corpore.
Confira abaixo entrevista com a atleta, saiba
mais sobre sua carreira e sua relação com as
corridas de rua.
Seu
primeiro contato com o esporte foi realmente com a ginástica
artística?
Sim, quando eu tinha 7 anos minha mãe me levou para
fazer ginástica pois algumas amigas da escola faziam.
Como
foi a mudança para o salto com vara?
Quando eu estava com 16 anos comecei a pensar em parar a ginástica
pois eu cresci demais e sabia que não chegaria a ser
uma grande atleta. Mas queria continuar fazendo esporte. Então
meu pai viu um anúncio em um jornal em Campinas sobre
um teste em uma escolinha de atletismo e sugeriu que eu fosse
lá fazer. Fiz o teste que era corrida de 50m, 1000m
e salto em distância, e fui super bem. Meu atual técnico,
Elson Miranda, era um dos que estavam selecionando os atletas
e me perguntou se eu fazia algum outro esporte. Quando ele
soube que eu fazia ginástica, já me encaminhou
para o salto com vara.
Começando
dessa forma no salto com vara você esperava atingir
esses resultados que está conseguindo?
O Elson sempre me disse que eu poderia ser uma grande atleta
desde o 1º dia que ele me viu, mas nunca imaginei chegar
no nível que estou hoje.
Este
é o melhor momento da sua carreira?
O ano passado e esse ano foram os melhores anos da minha carreira,
mas acredito que ainda tem muitas coisas boas por vir.
E
como conseguir essas outras “coisas boas”?
Tenho muitos defeitos para melhorar na minha técnica
e tenho a parte física também para crescer.
Esse
ano foi importante para você ter um reconhecimento maior
do público brasileiro?
Os Jogos Pan-americano foram importantes para isso. Como é
uma competição importante e como foi no Brasil,
teve uma visibilidade muito grande. As pessoas gostam de esporte
e compareceram para assistir os Jogos e assim, passaram a
conhecer o salto com vara e também a mim.
O grande público não tem muito conhecimento
e não acompanha o salto com vara. Você acha que
isso pode mudar?
Eu acho que isso já está mudando, as pessoas
já estão começando a saber o que é
salto com vara, mas nos próximos anos isso tende a
crescer, pois o salto com vara vai estar cada vez mais na
mídia por causa dos bons resultados que podem sair
tanto no feminino como no masculino.
Você
teve um período de treinos com a Yelena Isinbayeva.
Quando foi e o que isso ajudou nos seus resultados?
Desde 2001 que faço intercâmbios com o técnico
dela, o Vitali Petrovi, que foi técnico também
do Sergey Bubka, recordista mundial. Esses intercâmbios
foram muito importantes para o crescimento do salto com vara
no Brasil. Conheci a Isinbayeva quando ela passou a treinar
com o Vitali, em 2006, e nos encontramos em 2 intercâmbios.
Foi muito bom ter conhecido e conversado com ela, pois isso
me mostrou que eu também sou capaz de saltar. Ela é
uma pessoa como eu com inseguranças e medos, mas se
você tem um objetivo pode alcançá-lo.
Você
esperava essa indicação para Melhor Atleta de
2007 pelo COB, através do Prêmio Brasil Olímpico?
Fiquei surpresa com a indicação, pois com tantas
boas atletas que temos no país e ainda com a visibilidade
dos Jogos Pan-americanos, tinham muitas atletas que eles poderiam
escolher. Mas estou muito contente com a indicação.
O
que significa para você essa lembrança?
Essa indicação mostra que estou fazendo um bom
trabalho, pois o salto com vara está aparecendo e ficou
marcado nas pessoas que fazem essa seleção.
Então é um reconhecimento de todo o meu esforço
e resultados.
Prêmio
Brasil Olímpico
O
Prêmio Brasil Olímpico, considerado o Oscar
do esporte brasileiro, chega a sua nona edição
A
escolha dos melhores atletas de cada uma das 50 modalidades
esportivas é feita por um Colégio Eleitoral,
composto por personalidades do esporte, dirigentes e
jornalistas. Este mesmo júri indica três
atletas masculinos e três femininos para concorrer
ao prêmio de Melhor Atleta do Ano, cuja escolha
é feita pelo voto popular.
O
que isso pode significar para o esporte, já que você
é a primeira atleta do salto com vara a ser indicada
para atleta do ano?
O salto com vara é uma prova que não tem tradição
no Brasil além de ser muito difícil, pois é
muito técnica. Anos atrás eu assistia o Prêmio
Brasil Olímpico apenas pela televisão sonhando
em estar lá e hoje faço parte da festa. Então
essa indicação mostra que tudo é possível
se você treinar com vontade e com objetivo, que é
possível se desenvolver e virar um grande atleta. Espero
ser um exemplo de determinação principalmente
para os que estão começando e fazer esportes
sem tradição.
Nesses
últimos anos, você esteve envolvida com as corridas,
estando presente em diversos eventos. Como vê a corrida
de rua hoje?
A corrida de rua é muito legal pois é um esporte
barato e qualquer um pode praticar. Hoje em dia as pessoas
estão mais preocupadas com a saúde e a corrida
normalmente é a escolhida. Eu vejo as pessoas levantando
cedo e indo participar das provas de corrida de rua. Elas
vão lá, se esforçam, dão o máximo
de si e tentam se superar, melhorar seu tempo. É muito
legal ver essa superação e a alegria.
Qual
a importância das pessoas praticarem esse esporte?
O esporte é importante para a vida. Você aprende
a ter disciplina, objetivos, organização, tudo
praticando o esporte. Não importa a idade mas sempre
que entramos no esporte a disposição muda e
o jeito de ver a vida.
Ele
pode ser a “porta de entrada” para outros ramos
do atletismo?
Acho que pode. Praticando a corrida você pode criar
a curiosidade de aprender outras modalidades de tentar novos
desafios. A corrida é base para quase todas as provas
do atletismo. No salto com vara por exemplo, tenho uma corrida
de aproximação de 32m, lógico que é
mais veloz mas se você sabe correr, colocar velocidade
fica fácil.
A
corrida faz parte do seu dia-a-dia de treinos?
No período não competitivo tem bastante treinos
de corrida. Vou confessar que o máximo que já
corri na vida foram 40min, que dá mais ou menos 7km.
Você
também já acompanhou algumas provas infanto-juvenis
nossas. O que acha desses eventos?
Eu adoro esses eventos infanto-juvenis. Algumas crianças
têm o espírito competitivo, querem ganhar, ficam
olhando para o lado para ver se alguém vai passá-la
e outras estão lá apenas para correr, se divertir.
Eu tenho que parabenizar esses pais que levam seus filhos
para correr, que incentivam, pois para a criança isso
é muito importante para que elas gostem desse meio
esportivo. Desde pequena eu sempre tive o apoio dos meus pais,
eles sempre me acompanhavam e ainda acompanham quando é
possível nas competições. E a Corpore
também está de parabéns em propiciar
eventos tão bonitos e legais tanto para adultos como
para as crianças e adolescentes.