Vencedor da primeira 10K Corpore São Paulo Classic em 1995, o maratonista olímpico e técnico Luiz Antonio dos Santos conta um pouco de sua trajetória em uma entrevista exclusiva para a Corpore. Ele relembra como foi a acirrada disputa pelo primeiro lugar na prova, quando o atleta batalhou pela liderança passo a passo, metro a metro, com Elenilson da Silva e ambos acabaram cruzando a linha de chegada empatados, com o tempo de 0:29:24. Hoje, 16 anos após sua primeira participação na São Paulo Classic, Luiz Antonio continua envolvido com a prova, levando atletas para disputá-la.
Ainda na entrevista, o hoje treinador fala sobre a evolução do atletismo ao longo dos anos, dos desafios dos atletas brasileiros e de seu trabalho como técnico da equipe Luasa Taubaté. Acompanhe na sequência o bate-papo:

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Luiz Antonio quando atleta |
Corpore: Você acompanha a 10K Corpore São Paulo Classic/ Troféu Zumbi dos Palmares desde a primeira edição, inclusive tendo sido o primeiro vencedor. Em sua opinião, o que mudou desde a primeira prova até os dias de hoje?
Luiz Antonio dos Santos: Tudo está mudado. Alguns exemplos: organização, nível de atletas e material esportivo. Com certeza tivemos muitas mudanças ao longo desses anos em que a prova está sendo realizada.
Corpore: O que você lembra daquela primeira edição da prova ? Como foi a disputa? Você chegou empatado com outro corredor, certo?
Luiz Antonio dos Santos: Lembro-me muito bem da chegada. Vinha de trás e quando entramos no Ibirapuera, achei que poderia alcançar o primeiro colocado. Então acreditei e dei tudo que podia. Fui fechado por ele e por isso decidi ir pelo outro lado. Foi então que se deu o empate. Mas na verdade, até hoje eu tenho dúvidas com relação a isso.
Corpore: Como você vê a Corpore São Paulo Classic no calendário nacional? Quais são os pontos altos da prova, em sua opinião?
Luiz Antonio dos Santos: A Corpore São Paulo Classic hoje em dia é uma prova muito importante para o calendário brasileiro. Acredito que os pontos altos da prova são a organização e o nível de profissionalismo do evento.
Corpore: Qual conselho daria para quem vai participar pela primeira vez da prova?
Luiz Antonio dos Santos: Se o corredor for experiente e estiver treinando, a corrida é tranquila. Mas se ele não treina ou treina muito pouco, é importante procurar se orientar com um profissional da área e ter cuidado, mesmo que sejam só 10 quilômetros.
Corpore: Quais foram as provas que considera as mais marcantes da sua carreira como corredor?
Luiz Antonio dos Santos: Posso citar algumas provas nacionais e internacionais em que obtive destaque. São elas: Bi campeão em Chicago; 3.° lugar em Boston; medalha de bronze no Mundial de Atletismo; Olimpíada de Atlanta em 1996; campeão da maratona de São Paulo 1995; campeão da Meia Maratona Internacional do Rio de Janeiro 1999; entre outras.
Corpore: Quantos atletas são treinados pela Luasa Taubaté? Poderia citar alguns nomes de destaque?
Luiz Antonio dos Santos: Hoje tenho em média 15 atletas. Os destaques brasileiros são Marcelo, José Roberto, Francisco e Wiliam Salgado Gomes, mas estiveram outros que foram para clubes maiores, justamente por terem se destacado. Há, ainda, o trabalho que faço com os quenianos que trabalham comigo.
Corpore: Você se sente uma pessoa realizada em sua profissão ou ainda busca conquistas? Caso sim, quais são suas metas?
Luiz Antonio dos Santos: Como atleta acho que alcancei tudo aquilo que um atleta poderia conseguir. Já como treinador, preciso aprender muito, pois tudo muda a toda hora. Trabalhar com ser humano é muito difícil, mas quero tentar fazer um bom trabalho e tentar passar um pouco do que apreendi ao longo de minha vida.
Corpore: Qual foi o momento de maior dificuldade de sua carreira?
Luiz Antonio dos Santos: Eu posso dizer que foram dois. Quando descobri uma arritmia cardíaca e também a perda de dois irmãos e meu pai.
Corpore: Como vê o nível dos atletas brasileiros atualmente? Os atletas de ponta estão conseguindo incentivos e patrocínios suficientes para desenvolver um bom trabalho?
Luiz Antonio dos Santos: Na minha opinião, temos poucos atletas que buscam realmente crescer no atletismo. Temos muito material humano para o esporte, mas necessita ser feito um trabalho em buscar do profissionalismo. Existem algumas pessoas que poderiam somar mais, mas estão esquecidas no esporte. Quando a incentivo e patrocínio, é um pouco complicado falar sobre isto, pois é um tema muito fechado. Sabemos que tem o dinheiro, mas ele nunca vai para o atleta. Por exemplo o meu caso: estou há três anos com a Luasa, que é um trabalho meu. Não tenho patrocínio e tudo que fazemos praticamente sai do bolso e colaboração de algumas pessoas. Sou federado junto à Federação Paulista de Atletismo, pois queria fazer um trabalho com os mais jovens, mas é muito difícil. Inclusive, devo até encerrar com a Federação devido aos gastos mensais. |