Eis a boa notícia: as doenças cardíacas e suas consequências são altamente evitáveis. A má notícia é que as doenças cardiovasculares continuam sendo a principal causa da morte tanto de homens como de mulheres.
Há muita coisa que uma pessoa pode fazer para ajudar a prevenir um ataque cardíaco. Um estudo internacional revelou que cerca de 90% do risco associado a fatores como colesterol alto, alta pressão arterial, atividade física, tabagismo e alimentação podem ser controlados pelo indivíduo. O estudo, chamado "Interheart", comparou 15.000 pessoas de todos os continentes que foram vítimas de um ataque cardíaco com um número similar de parentes ou pessoas próximas que não sofreram esses ataques.

Embora a genética seja um fator em até metade dos ataques cardíacos, "você pode vencer muitos fatores genéticos com suas opções de vida e com medicamentos, se precisar deles", diz o Dr. Lloyd-Jones.
Saber qual é o seu nível de colesterol e sua pressão arterial é tão fundamental para a saúde do coração como conhecer o alfabeto é fundamental para a leitura. No entanto, pesquisas mostram que cerca de um terço das pessoas com colesterol e pressão altos não sabem desses problemas. Para a maioria das pessoas, o nível ideal de LDL, ou colesterol ruim, fica abaixo de 100; o HDL, ou colesterol bom, deve ser superior a 60; e a pressão arterial inferior a 12/8.
Os testes para esses indicadores são importantes não só para que cada um compreenda o seu risco, dizem os médicos, mas também para medir os progressos na redução desse risco. A alimentação saudável e o hábito do exercício formam a primeira linha de ataque para melhorar ou administrar esses índices, e também para controlar o peso e o nível de açúcar no sangue. Os medicamentos para baixar o colesterol e a pressão arterial são armas eficazes quando necessárias.
Parar de fumar também traz grandes benefícios. Dentro de um ano, o risco de ataque cardíaco de um ex-fumante cai pela metade.
A regra é fazer três horas semanais de exercício enérgico para manter o coração saudável, mas muita gente que não encontra tempo para se exercitar 30 minutos na maioria dos dias acaba não fazendo exercício nenhum. "É um fenômeno tipo tudo ou nada", diz Martha Grogan, cardiologista da Clínica Mayo.
Mas que tal 10 minutos por dia? Embora a meta de 30 minutos esteja associada a uma redução de 70% no risco de ataque cardíaco ao longo de um ano, pesquisadores da Mayo analisaram os dados e notaram que uma caminhada acelerada de 10 minutos todos os dias resulta em uma redução de quase 50%, em comparação com as pessoas que não fazem praticamente nenhum exercício.
O benefício real varia, dependendo da idade, sexo, peso e condições físicas iniciais, e os que têm maior risco têm mais a ganhar. "Se você puder fazer mais exercício, melhor", diz Grogan. "Mas fazer um pouquinho de exercício não é igual a não fazer nada." Mesmo assim, os cardiologistas dizem que a meta deve ser 30 minutos por dia.
Mas mesmo o exercício regular não é suficiente se você ficar confinado à mesa de trabalho ou ao sofá pelo resto do dia.
Um estudo de pesquisadores australianos publicado há dois anos descobriu que passar mais de quatro horas por dia na frente do computador ou da televisão está associado ao dobro de problemas cardíacos graves, mesmo nas pessoas que se exercitam regularmente. Os pesquisadores acompanharam durante quatro anos 4.512 homens e mulheres, a maioria entre 55 e 60 anos, e os compararam a outras pessoas que passam menos de duas horas diárias diante de uma tela.
Ficar sentado durante períodos prolongados foi associado a níveis mais altos de marcadores inflamatórios no sangue, maior peso corporal e menor nível de HDL, ou colesterol bom, indicando que o sedentarismo tem suas consequências negativas, quer a pessoa seja fisicamente ativa ou não.
"Para quem fica sentado a maior parte do dia, o risco de um ataque cardíaco é aproximadamente o mesmo do que para os fumantes", diz Grogan.
Possíveis soluções: levantar da mesa de trabalho a cada 30 minutos, ou mesmo trabalhar no computador em pé. Caminhar um pouco para conversar com um colega, em vez de lhe enviar um e-mail. Ou, "quando sentir aquela depressão das 2:30 da tarde", diz Lloyd-Jones, "em vez de comer um chocolate, dê uma caminhada de 10 minutos. Os benefícios começam assim que você se levanta da cadeira".
Inclua mais degraus no seu dia. Suba a escada em vez da escada rolante; pare o carro no final do estacionamento, no trabalho ou no shopping, em vez brigar por uma vaga perto da entrada.
Várias pesquisas associam a saúde emocional ao menor risco de doença cardiovascular. Por outro lado, a depressão, a raiva e a hostilidade têm efeitos prejudiciais. Um estudo da Universidade Duke com 255 médicos, realizado há vários anos, descobriu que 14% dos que mostravam hostilidade acima da média, com base em um teste de personalidade, tinham morrido 25 anos depois — a maioria de doenças cardíacas — em comparação com 2% dos que tinham hostilidade abaixo da média.
Seguir boas normas alimentares é o maior desafio para a maioria dos americanos, indicam dados da Associação Americana do Coração. Comprar alimentos nos corredores mais afastados do supermercado é um remédio possível. É ali que normalmente se encontram as verduras frescas e outros alimentos não processados — em geral considerados mais saudáveis para o coração do que os alimentos altamente calóricos e cheios de sal que se encontram nas prateleiras da parte interna do mercado, diz Amparo Villablanca, cardiologista da Universidade da Califórnia, em Davis.
Ela aconselha os pacientes a "não botar lama no motor. Você tem que fazer a pessoa ver o seu corpo como uma máquina precisamente regulada."
Acrescenta Sharonne Hayes, cardiologista da Clínica Mayo: "Não deixe de tomar o café da manhã". Se você não comer pela manhã, vai acionar processos metabólicos "que induzem a comer mais durante o dia".
O papel do sono para proteger o coração é subestimado, diz Grogan, da Mayo. "Se você dormir uma hora a menos do que precisa, todos os dias, é como se ficasse acordado uma noite inteira uma vez por semana", diz ela. A privação de sono crônica pode causar pressão alta, ganho de peso e aumentar o risco de diabetes, diz ela.
Fonte: The Wall Street Journal - Por Ron Winslow
WSJ Americas - 22 / 04 / 2012
http://online.wsj.com/article/SB10001424052702303592404577360461781825688.html?mod=WSJP_inicio_MiddleThird
ver também:
http://www.corpore.com.br/noticia-risco-de-enfarte-e-menor-em-otimistas-4226.asp
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