 |
Mario
Rollo e José Antônio |
José
Antônio Martins Fernandes sempre esteve ligado
aos esportes. Já foi jogador profissional de
futebol, mas ainda na faculdade resolver mudar para
os escritórios e cuidar da parte administrativa.
Em uma conversa na sede da Corpore, José Antônio,
presidente da Federação Paulista de Atletismo
desde 2000, fala sobre corridas, a federação,
ajuda ao esporte e um partido político que será
formado apenas por esportistas. Leia e saiba mais.
Como
foi seu início no atletismo?
Sempre pratiquei esportes. Fui jogador de futebol, já
pratiquei basquete, vôlei... Sempre tive contato
com gente boa no esporte e na faculdade acabei ficando
mais com o pessoal envolvido com o atletismo. Era um
grupo forte, com bons atletas e acabei passando para
essa área.
Quando
você resolveu trabalhar com administração
esportiva?
Apesar de ter sempre praticado esportes, como profissional
sempre fui para o lado administrativo. Tive o lado de
atleta, mas larguei e fui para o lado de administrador
esportivo mesmo. Fiz pós na própria FIG
(Faculdades Integradas de Guarulhos), depois fiz Fefisa
e Administração Esportiva na GV. Desde
84, 86 me dedico somente à administração.
Desde
quando está na federação?
Comecei na federação em 1990 como vice-presidente.
Em 2000, o Sérgio (Luís Coutinho,
ex-presidente) saiu, tornei-me presidente e estou
completando o 1º ciclo de administração.
Além
da federação, você se envolve com
outros projetos. Como andam?
Agora montamos um sindicato dos Profissionais de Educação
Física e sou presidente. Além disso, estamos
organizando o Partido do Esporte. Já entramos
em contato com Joaquim Cruz, Robson Caetano. O vice-presidente
é o Marcel, ex-jogador de basquete. O Eder Jofre
também está com a gente.
Qual
a importância da criação desses
sindicatos e, principalmente, de um Partido apenas com
esportistas?
O esporte é uma coisa que converge. Não
tínhamos uma união pra discussão
do esporte. Estamos criando esses mecanismos. Agora
com o sindicato já reunimos uma parcela. É
única forma estrutural de fazer parte da sociedade
legal. Com o partido podemos reunir todas federações,
sindicatos e assim o esporte terá a sua forma
de representação. Hoje tudo é política,
daí a importância de um partido. É
preciso se organizar. Estamos criando essa forma de
representação para negociar, para fazer
as coisas e contando com gente que conhece o esporte.
A nossa principal filosofia é ter gente que conhece
o esporte conosco.
Você
acredita que essa representação poderá
trazer melhorias com maior rapidez e mais impacto?
Só se pode reivindicar seus direitos desde que
tenha um grupo de pessoas, de entidades, que possam
reivindicar junto às autoridades. Se você
se constituir em uma autoridade então é
possível reivindicar em uma autoridade maior.
Isso faz parte do processo de legislação.
É preciso se organizar para criar condições
de que essas reivindicações possam ser
feitas.
Qual
a primeira reivindicação a ser feita?
Por legislação, federações
e clubes não têm como receber nenhum tipo
de verba oficial. Existe a Lei Agnelo Piva que pega
dinheiro das loterias, passa para o Ministério
dos Esportes, que repassa para o COB e este para as
Confederações. O dinheiro pára
aí e não chega até federações
e clubes. Temos que sobreviver de patrocínio,
que é muito instável. Estamos lutando
e se unindo através dos sindicatos que pegou
a problemática dos bingos e a intenção
é conseguir que parte do dinheiro dos bingos
possa ser repassado para essas agremiações.
Deixando
a política um pouco de lado e falando sobre esportes.
Como você vê esse crescimento dos praticantes
de corridas de rua?
O crescimento envolve uma preocupação
com a saúde da população. Hoje
as pessoas vão ao mercado procurando alimentos
diet, todos procuram um esporte para praticar. Você
vai ao médico e ele manda comer menos e se exercitar
mais, não é remédio nem nada. Isso
motiva a pessoa a se exercitar e ela começa a
caminhar perto de casa mesmo e passa a correr. Isso
tem crescido principalmente nos últimos 5 anos,
principalmente pela maior preocupação
e conscientização com a saúde.
Você
acredita que esses números ainda vão crescer?
Se comprarmos com outros países, estamos engatinhando.
A tendência é crescer. Estamos mapeando
todas as provas para poder ter dados mais precisos.
Assim poderemos comparar anualmente e ver o crescimento
da modalidade. Daqui uns 2, 3 anos teremos esses dados
bem precisos e poderemos quantificar esse crescimento
com exatidão.
Quantas provas temos hoje em São Paulo?
Temos cerca de 180 provas em todo estado. Dessas, entre
60 e 75 serão oficiais até o próximo
ano.
O
que uma prova precisa para ser oficial?
Existe um grande rigor para as provas de nível
estadual e nacional. Alguns dos pré-requisito
são os postos de água, pessoas para auxiliar
distribuídas por pontos específicos da
prova, fiscalização e arbitragem da federação,
chips. Esse ano estamos criando a categoria de provas
aspirantes 1, 2 e 3. Nelas faremos uma fiscalização
para que elas atinjam o nível das provas oficiais.
Atualmente
vemos esse crescimento de interesse em participação
nas provas, mas percebemos que eventos que reúnem
10mil participantes ocupam pouco espaço na mídia.
Por que isso acontece?
Acho que faltam profissionais que não sejam focados
apenas no futebol. Jornalistas internacionais são
mais focados e aqui não chegamos nesse estágio,
aqui é só futebol. Se um jogador sai de
campo com dor de barriga dão um grande enfoque.
Corridas grandiosas não têm tanto espaço
assim. Isso vem melhorando, mas ainda tem muito que
melhorar. Os jornais deveriam divulgar mais, mandar
fotógrafos e assim, além do público
tradicional, haverá maior compra do jornal pelo
público da modalidade.
|