É
muito comum presenciarmos uma corrida de rua e no pódio
encontrarmos atletas com uma camiseta verde que logo
percebemos ser da Find Yourself. Para os mais desavisados,
essa é uma das mais vitoriosas assessorias esportivas,
supervisionada por Luiz Fernando Bernardi, que também
é diretor técnico da equipe.
Envolvido
com atividades físicas desde a sua infância,
Fernando nos conta o começo de sua carreira como
treinador de corrida, como são feitos seus treinos
e qual o segredo da Find. Confira entrevista completa.
Como
foi seu início na vida esportiva?
Desde criança, tive uma educação
voltada a prática de atividades físicas.
Morava no interior de São Paulo, na cidade de
São Carlos, onde na minha infância pratiquei
várias modalidades esportivas nas escolinhas
do clube que era sócio. Como não era um
grande talento em alguma modalidade específica,
acabei passando por futebol, basquete, voleibol e natação.
Esse repertório motor me ajudou a ter uma boa
noção de treinamento na categoria de menores,
onde a variação de gestos motores facilita
num aprendizado mais específico anos mais tarde.
Já
trabalhou em alguma outra área, além de
corridas?
Sempre fui muito dedicado e voltado para aprender
aquilo que não sabia. Como estudei na UNICAMP,
desde o 1º ano de Faculdade comecei a trabalhar
para ajudar minha família nos custos de minha
moradia na cidade de Campinas.
Trabalhei com inúmeras coisas, trazendo uma bagagem
grande de experiências que me ajudam no mercado
profissional. Desde arbitragem de natação,
treinamento para crianças na modalidade de voleibol
e handebol, estagiário de musculação,
avaliação física em academias,
recreacionista de hotéis, etc.
Quando
tornou-se um técnico de corrida?
Comecei a trabalhar com corrida desde 1994, onde deixei
de ser um “ aluno corredor “ para me tornar
um estagiário e depois professor. É interessante
colocar que minha escola de treinamento se baseia nos
ensinamentos de meu antigo professor e atualmente meu
parceiro de profissão Marco Antonio de Oliveira
- técnico consagrado no Atletismo Nacional. Com
ele fui aprendendo a nortear o treinamento com planejamento,
psicologia, feedback dos alunos e percebendo que resultados
iriam acontecendo dentro de uma conseqüência
natural de uma boa organização de treinamentos.
Hoje me vejo como um consultor de treinamento, não
somente um técnico, mas uma pessoa que consegue
enxergar mais longe um planejamento baseado na fisiologia
do exercício, na motivação do aluno
e nos objetivos a serem alcançados.
O que o estimulou a se tornar um técnico
de corrida?
Sempre gostei de trabalhar com desafios e a convivência
com meu antigo técnico e professor Marco Antonio
me levou para essa área. Com apenas 24 anos tive
a chance de, ao lado dele, trabalhar com atletas de
destaque nacional, como por exemplo a campeã
da São Silvestre de 1997 Roseli Machado, entre
outros inúmeros atletas de ponta, muitos deles
que correm até hoje.
Juntamente com esse treinamento de alto nível,
tinha em mãos também planejar treinamentos
para maratonas de corredores amadores, o que me dava
grande prazer em conseguir fazer de uma pessoa que não
vivia do esporte, conseguir atingir tal desafio com
tranqüilidade e segurança.
Dessa forma a corrida foi entrando em minha vida, foi
aumentando meu ciclo de amizades, fui tendo relação
com amigos de profissão, fui conhecendo alunos
novos que gradativamente iam incorporando a sementinha
de trabalho dentro de uma filosofia de respeito ao organismo,
superando gradativamente seus limites.
E
como surgiu a Find Yourself?
A Find existe desde quando comecei a trabalhar com o
Marco Antonio de Oliveira. Nessa época fizemos
uma sociedade que durou de 1994 a 1998, tendo uma equipe
que se chamava Find Yourself & TrackMarfield.
Em 1998, por rumos profissionais diferentes na fase
da vida de cada um, decidimos amigavelmente nos separar
e então comecei minha carreira solo como técnico.
Como
foi a evolução da Find entre os atletas
e obtenção de resultados?
A Find Yourself começou a implantar uma administração
que visava atrair mais corredores amadores, no intuito
de transmitir o conhecimento do alto rendimento para
essa fatia de mercado.
Aumentando gradativamente o número de alunos,
em 2000 formei novamente uma sociedade com o professor
Alex Bruno que durou até julho desse ano. Decidimos
nos separar e a partir de então, voltei a administrar
a FIND nos moldes que julgo ser o melhor caminho para
unir atletas profissionais e amadores.
Em termos de resultados, nos últimos três
anos por também estar envolvido com atletas de
alto rendimento, começamos a aparecer mais no
cenário das corridas nacionais, marcando nosso
nome como uma equipe forte e criteriosa.
Como são organizados os treinos?
Cada atleta da Find tem seu treino totalmente individualizado
respeitando seus objetivos, expectativas e necessidades.
Usamos os pontos de apoio como encontro de nossos alunos
e relacionamento com nossos professores, mas reforçamos
que o treinamento para dar certo, precisa respeitar
a individualidade de cada organismo.
Trabalhando dessa forma, o começo foi difícil,
pois evitávamos de pegar um grupo muito grande
que não valorizasse esse tipo de filosofia de
trabalho. Aos poucos fomos desenvolvendo em nossos alunos
a importância de cada um respeitar sua individualidade
e fomos conseguindo atrair um público que valoriza
esse critério dentro de uma estrutura de treinamento.
Qual
seu público alvo?
São pessoas que pretedem fazer da corrida um
hobby sério, com respeito á saúde
na conquista de metas. Atraímos um público
heterogêneo que valoriza a troca com o professor,
a união do grupo, a individualidade de seu treinamento.
Diferente do que a maioria das pessoas pensam por resultados
expressivos de nossos atletas de alto rendimento em
competições, trabalhamos com pessoas iniciantes,
atletas amadores e atletas de elite. É justamente
por trabalharmos de forma individualizada que podemos
atender os extremos, do iniciante ao atleta competitivo.
A
sua equipe sempre consegue colocar atletas no podium,
independente da distância percorrida. Qual o segredo
disso?
O segredo é você saber escolher a prova
certa com a caracterísitica de seu corredor.
Antes de cada prova, analiso e estudo muito os possíveis
adversários, a estratégia que poderemos
usar, o perfil de conduta que teremos que ter para conseguirmos
obter êxito nas provas.
Sou fascinado naquilo que faço e por gostar desse
clima de competitividade, acabo passando várias
informações aos meus atletas que levam
isso para dentro da corrida.
Fora isso, meus outros alunos envolvidos dentro do clima
dessa competição formam uma grande corrente
de torcida e vibração que nos ajuda muito
nos momentos de superação.
Esse
ano sua equipe venceu a prova de Ilhabela e de Campos.
Qual a diferença de uma prova de rua e essas
corridas de aventura?
A diferença entre uma prova de rua e de aventura
é que essa última você tem que levar
várias características intervinientes
que podem ajudar ou prejudicar sua performance. O sucesso
de qualquer equipe está na união de seus
integrantes, no objetivo da equipe e não na vaidade
ou objetivo pessoal de cada corredor.
Sabendo valorizar o espírito grupo, estudar o
perfil de cada integrante para explorar o melhor potencial
dele dentro da característica da prova, ter uma
logística adequada, uma opção de
estratégias engatilhadas e a equipe técnica
juntamente com os staffs unidos dentro do mesmo contexto,
faz a diferença para o sucesso.
Além
desses aspectos de união, é necessário
uma preparação especial com reuniões
entre os integrantes, por exemplo?
Esse tipo de prova dá mais trabalho porque começa
muito antes, acredito que se inicia no momento da inscrição,
só acabando no dia seguinte pós prova.
A equipe técnica tem que estar envolvida em todos
os aspectos, tais como regulamento, pré prova,
reuniões, análises, condutas, comportamento
na prova, na premiação, nas entrevistas,
etc ...
Tudo tem uma sincronia, e isso bem organizado, gera
bons resultados ...
Quanto aos treinos para os atletas, depois que sabemos
onde cada um deverá entrar, existem treinos que
tentam trazer a especificidade da prova para antecedermos
possíveis sensações e correções.
Posso citar que os atletas que sobem Castelhanos e Pico
de Itapeva se preparavam com bastante antecedência
em várias ladeiras de diferentes inclinações
para enfrentar o grau de dificuldade desses percursos.
Como
você vê o crescimento das corridas de rua
no Brasil?
Vejo com bons olhos, pois a corrida desde que bem orientada,
somente pode fazer bem ao seu praticante.
Só reforço que devemos sempre respeitar
o corredor, tanto as Assessorias que vem crescendo e
precisam ter critérios na iniciação
desses novos alunos como até as Organizações
de prova junto a requisitos mínimos de segurança
a pessoa que irá correr uma prova.
Você
acredita que ainda estamos em uma crescente e muitas
pessoas ainda vão aderir ao esporte?
A corrida está crescendo de forma exponencial,
o que precisamos perceber é se o corredor está
com adesão acima de 6 meses a 1 ano de prática
regular dessa modalidade. Com o aumento do nùmero
de corridas, qualquer um se acha capaz de correr, muitas
vezes sem uma prévia preparação
adequada. É importante massificarmos a corrida,
mas fazermos também um papel de conscientização
aos corredores para não expô-los em riscos
de sua saúde, comprometendo sua adesão
ao esporte.
O ideal seria espaços como esse para quem está
iniciando no esporte ter acesso a profissionais que
já trabalham no meio e que seguem uma metodologia
de trabalho.
Quais
os cuidados necessários para quem está
iniciando no esporte?
Procurar um profissional de Educação Física
para ministrar seu treinamento, fazer avaliações
médica e física no inicio de sua preparação,
ter um bom relacionamento com seu professor para almejar
metas razoáveis de se buscar, dar continuidade
ao treinamento, explorar aprender experiências
com pessoas que já tem uma maior bagagem nesse
esporte.
Qual a importância da ATC para os treinadores
e para os corredores?
A ATC conseguiu unir nossa classe profissional, trabalha
arduamente para o bem de todos os corredores e vem conseguindo
representar todos os técnicos frente as principais
necessidades das Assessorias Esportivas. A ATC luta
por nosso espaço de trabalho, pelo respeito ao
corredor, pela qualidade dos profissionais de nossa
área, por uma democratização da
corrida para todos que se iniciam nessa área.
Como
você vê o trabalho da Corpore junto aos
treinadores e corredores?
Vejo a CORPORE como um grande referencial de Organização
de corrida, beneficiando pessoas que buscam uma corrida
séria e organizada, bem como os treinadores que
se asseguram de colocar seus alunos numa prova com total
segurança e respeito ao corredor. Destaco na
CORPORE a preocupação, a seriedade e o
pronto atendimento ao corredor. Valorizo os treinos
técnicos (espaço para nossa área),
o ranking dos associados (motivação para
nossos alunos), site interativo (espaço aberto
como esse), logística adequada das provas.
Para
ter mais informações, acesse o site www.findyourself.com.br
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